Friday, December 01, 2006

Um deles eu queria ser


Primeiro vale aqui uma apresentação desse senhor ao lado - Sir Robin Knox-Johnston. Sua proeza está na escala de outras tantas como a do capitão Robert Falcon Scott, do alpinista e jornalista Jon Krakauer, do capitão Roald Amundsen, do alpinista Edmund Hillary, do capitão Ernest Shackleton, do indigenista Orlando Villas Bôas, do extraordinário Coronel Fawcett (descobridor de Atlântida no meio do Brasil). Gostaria muito de ser qualquer um desses, ou fazer algo tão grandioso, perigoso e adrenalizante quanto qualquer um desses fez.

Mas enfim, Sir Robin Knox-Johnston hoje com 67 anos, foi primeiro homem a dar uma volta ao mundo em solitário sem escalas e continua velejando em alto rendimento, já cruzou a linha do Equador de barco oito vezes e está na disputa mais uma vez de uma prova dessas, na Velux 5 Oceans.

Ele vem tendo problemas técnicos desde que a flotilha foi atingida por uma tempestade de 60 nós na baía de Biscay. Sabe o que ele faz quando cruza o Equador ? "Saúdo o Rei Netuno. Nós já nos conhecemos bem de vários encontros prévios. Há sempre um reconhecimento desta marca da maneira tradicional, um copo de whisky, e o mar também pode sentir o gostinho".

Tudo começou no verão de 1979 em Newport, Estados Unidos. Um grupo de velejadores debateu, numa mesa de bar, a idéia de fazer a volta ao mundo em um veleiro, em solitário. Algumas regras e um roteiro foram rabiscados ali mesmo, em meio a brindes e bebidas. Assim nasceu a Around Alone, (na época The BOC Challenge, nome que durou até a última edição em 1998/99), a mais longa corrida da Terra para um só indivíduo, entre todos os esportes, que acontece de 4 em 4 anos. Uma circunavegação pelos mares mais remotos e revoltos do mundo, divididos em cinco pernas, ou quatro paradas até cruzarem a linha de chegada. Cada velejador é ao mesmo tempo o seu capitão e a sua tripulação e durante sete meses o lar é o seu barco.
A primeira regata foi realizada em agosto de 1982, três anos – e vários copos – depois da reunião no bar. Uma flotilha de 17 barcos, divididos em duas classes, zarpou em direção à África do Sul para percorrer o mundo em quatro etapas. Apenas oito barcos da flotilha original chegaram de volta a Newport (EUA), 10 meses depois. Ninguém morreu, mas aconteceram dois resgates dramáticos, vários naufrágios e quebras sérias.

O grande herói foi esse "senhor" (agora com foto acima). Ele não era o favorito na época, não tinha o melhor barco e mesmo assim venceu. É um dos meus ídolos. E o mundo sabe disso, ele conspira. Há uns 3 anos estava em um jantar em Londres com amigos que já não vejo mais, e uma amiga estava acompanhada de um rapaz inglês. Conversamos rapidamente e caímos no assunto "barcos", falei da minha admiração pela marinha inglesa e por Knox-Johnston. Qual não foi minha surpresa quando ele respondeu que morava no mesmo, pequeno e pacato vilarejo litorâneo que Knox ? Me disse que lá há um museu em homenagem ao capitão e tudo mais, inclusive com o barco que ele venceu a então "Vendeé Globe", antigo nome da regata. Esse é um dos lugares que ainda vou, e Knox um dos caras que ainda vou conhecer.

Detalhe, Knox-Johnston vem tendo problemas com a aparelhagem de seu barco. Aparelhos modernos que trazem a indicação da força do vento, fazem previsão de marés e tudo mais. Por isso está muito irritado e muito atrás na classificação da flotilha. Quer um conselho Knox ? Jogue tudo no mar ! (ou então jogue tudo dentro de um saco preto e amarre bem e esconda em um canto do barco, é mais ecologicamente correto). Faça como venceu da primeira vez, se oriente pelas estrelas, escute o mar, siga o instinto. Vai nessa Knox, estou torcendo por você !!

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