Friday, September 29, 2006

Machismo invertido




As mulheres sabem o que fazer com a independência que adquiriram ? Eu sempre achei uma grande baboseira esta história de independência feminina, afinal, graças a um poder divino fui criado em uma família onde isso não existia, não existia a submissão, meus pais trabalhavam e minha mãe impreterivelmente ganhava mais que o meu pai. Para mim, os direitos sempre foram iguais, assim como os deveres, por isso mesmo sempre achei uma briga tola essa por independência, já que pra mim essa era uma briga inexistente, a ponto que pra mim sempre os dois lados foram iguais e assim se comportavam. Contudo, os horizontes vão se ampliando, e a convivência familiar passa a não ser mais a única e outros núcleos da sociedade passam a ser observados e vividos. Há poucos meses tive uma experiência que me fez elaborar uma teoria, que depois sob pesquisa, descobri que não partia somente da minha cabeça e que hoje é uma das grandes questões da atual sociedade. Afinal, as mulheres sabem o que fazer com a tal independência que adquiriram ? Quero deixar bem claro que não sou nenhum machista, e refuto este tipo de comportamento, mas como questionador da atual sociedade me coloco no direito de levantar algumas questões diante de experiências vividas ou observadas, embasadas em outras observações com assinaturas com mais bagagem no assunto que eu.
Hoje, é comum, ver mulheres que dão sua vida pelo trabalho, transformam isso como sua principal fonte de alegria e satisfação, trabalham mais que o necessário e acham que são imprescindíveis para o bom funcionamento de determinada empresa. Com isso, caem no maior risco já traçado por qualquer MBA estudado, se achar insubstituível. E na verdade, ninguém é insubstituível. Estando lá, ou não, as coisas caminharam do mesmo jeito, mais lenta ou mais rápida, em outros formatos talvez, mas caminharão. É importante que o profissional saiba seu valor dentro da empresa, mas que não se coloque acima da mesma, e passe a achar que sem ele, ela não funcionará. Erro crasso. Ela continuará funcionando. Termine você seu clico lá, com uma vida pessoal boa ou em frangalhos
Hoje em dia é comum, mulheres abdicarem de sua vidas pessoais, de suas satisfações pessoais, em troca de uma satisfação profissional, como se isto bastasse e como se fosse essa a verdade da vida, a busca de uma vida.
A mulher que brigava pelo seu espaço na sociedade, na década de 70, 80 acabou se espelhando em um modelo, hoje ultrapassado de homem. Elas queriam tanto, mas tanto mesmo Ter a liberdade que os homens tinham que acabaram se mirando em um modelo que achavam que perduraria. O homem dos anos 70, 80 - aquele executivo que deixava a mulher em casa, trabalhava mais que devia, mal tinha tempo para os filhos, para casa, para a diversão e que era pouquíssmo visto nas reuniões de escolas e outros afazeres da vida de seus filhos. E foi neste modelo de homem que a mulher daquela época (a mais revigorante para o resultado obtido hoje) se mirou para se transformar no que é hoje. Só, que mal sabiam elas, que se espelhavam em um modelo ultrapassado e em fase de evolução. O homem de hoje sabe muito bem quais são as coisas realmente importantes, por isso estão abdicando cada vez mais do trabalho excessiva e cada vez mais se observa um novo tipo de executivo, o que tem horário de trabalho, vida particular, prazeres fora do trabalho, têm hobbies, busca viagens, e não mais perde férias para ficar trabalhando. O homem de hoje adora ir buscar seus filhos, ir a reunião da escola, estar a par do acontece em casa. . E em quanto isso, em contra-partida, as mulheres é quem assumiram este posto. O da concorrência profissional feroz, a gana de vencer a qualquer preço, assumiram os postos de executivas chefonas, e hoje assumem a identidade que tanto odiavam quando buscavam sua liberdade, a identidade do homem dos anos 70 e 80. Odiavam aquele tipo de homem, e hoje se transformaram nesse tipo. 'É o machismo invertido', foi que disse o psicólogo Aquiles Paiva, da Universidade de São Paulo em uma entrevista à revista Época.
Elas seguiram o mesmo, que tanto questionavam. Por isso, que em um levantamento feito pela Forbes, de 15 grandes executivas bem sucedidas, 13 abdicam dos finais de semana, 14 são separadas ou desquitadas. 12 não tem filhos. Será que acharam a felicidade. Em uma outra matéria, da Nova, 10 foram questionadas se são felizes, a maioria disse que "são felizes por fazerem o que gostam", quanto ao lado pessoal, seguem o mesmo parâmetro descrito na Forbes. Seria isso felicidade ?
Acho perfeitamente possível achar o meio termo. Eu não conseguiria viver com uma mulher sem ambição, com uma mulher que não projetasse alguma coisa profissionalmente, alguém batalhadora, que saiba o quer quer, mas ao mesmo tempo acho dispensável abdicar de certos prazeres pessoais, corre-se o risco de conseguir se satisfazer apenas com o que o profissional pode lhe dar. Minha mãe é muito bem sucedida dentro do que se propôs. Diretora de escola. Não me lembro de Ter me feito faltar a uma festa, a um aniversário, não me lembro dela Ter chegado atrasada a uma reunião da minha escola (diferente da que ela é diretora). Não perdi nada, e não carrego um pingo de mágoa pela minha mãe não estar presente em algum momento, em todos ela estava lá – e isso foi o que me fez ser o que sou, me fez construir minha personalidade, sem que ela precisasse abdicar de algo, se negligenciar de alguma coisa. Na Europa, as mulheres param 2 anos de trabalhar para ter filhos. Nos Estados Unidos, terra dos psicopatas, as mães ficam com os seus recém-nascidos não mais que 4 meses.
Outra coisa que me deixa ainda surpresa com a tal independência feminina, que para mim sempre existiu e não veja razão para tratamentos distintos é ainda a surpresa quando alguém (mulheres) fica sabendo que uma mulher sustenta a família ! Que coisa ! Por que a surpresa ? Independência acarreta direitos e deveres. Portanto, se o homem pode fazer isso, porque "se a luta é por direitos iguais" a surpresa disso acontecer com alguém. Eu não suportaria esse tipo de relação, mas não por machismo, mas por não me sentir útil o suficiente e porque nunca passei e nunca me deixarei passar por uma situação dessa. Acho o trabalho importante, mas eu não sou o meu trabalho, não quero ser reconhecido pelo que faço, mas pelo que sou. Acho que é possível encontrar um meio termo, acho que é possível, viver e trabalhar, não viver para trabalhar, se o trabalho passa a ser a vida, é que a vida em si não lhe dá tanta satisfação quanto o trabalho, daí alguma coisa está errada. Acho possível encontrar um meio-termo, acho possível. Esse texto não se refere a pessoa nenhuma específica, mas é a partir de questionamentos que procuramos respostas. Não estou dizendo que o que penso está certo ou errado, nem mesmo eu tenho a certeza se acredito piamente no que escrevo, mas pelo menos é o jeito que tento dirigir minha vida. Colocando o que realmente importa como prioridade, colocando quem realmente importa como prioridade. Não quero passar a vida construindo trilhos e não conseguir ver que a locomotiva passou e eu nem reparei, porque justamente estava preocupado demais com os trilhos que construia.

No comments: